Entre loucuras, remistas e bicolores já esconderam até o time das esposas

Torcedores da dupla Re-Pa já foram demitidos por priorizar o clube e até esconderam o time do coração até o casamento.
Foto: Acom Remo

Uma pesquisa feita pela Mastercard na América Latina apontou que os torcedores de futebol desmarcariam qualquer compromisso para assistir uma partida de futebol. 35% dos entrevistados deixam de ir trabalhar ou estudar para ver um jogo. Entre os brasileiros, 31% não saem de casa sem a camisa do seu time. No Pará não é diferente, os torcedores de Remo e Paysandu tem muitas histórias para contar sobre situações e perrengues que já passaram direta ou indiretamente por seus times.
O azul mais escuro e o mais claro da capital paraense tem muito mais coisas em comum, entre elas as loucuras como a de Richard Ferreira, remista, ele fez uma maratona de quase 4 Km há poucos minutos de começar a primeira partida entre Remo x Cuiabá, válida pela final da Copa Verde, em 2015. Ele correu do Entroncamento até o Estádio do Mangueirão. “Cheguei nas ultimas, não aguentando mais. Naquela noite valia tudo pelo Remo! Cheguei atrasado, estava tudo parado, foi o único jeito que achei de ver o Leão e não foi só eu, tinha bastante gente correndo também”, contou.
Torcedor do Paysandu Sport Clube, Jorge Luiz Conceição de Oliveira, já fez uma loucura também, bicolor desde pequeno, ele teve que fingir ser remista, “virar a casaca” só para entrar na família da sua esposa na época, aonde o sogro e os três cunhados eram remistas. Ele conseguiu enganar direitinho nos primeiros anos, até beijou o escudo, mas depois que casou, o bicolor adormecido deu as caras e se revelou, ele conta que o seu sogro ficou enfurecido com ele, ficaram meses sem se falar. Ele não conseguia mais fingir, todos queriam esganá-lo. Chegou a comprar um conjunto do Paysandu para seu filho, mas quando viram o garoto vestido de alvi-azul, foi a gota d’água. Jorge diz que infelizmente o filho seguiu o lado da mãe e do avô e virou mais um remista louco também.
Renan Walmirfaltou o trabalho para ver o Remo, após anos finalmente conseguir o acesso para a Série C, no jogo Remo x Operário em 2015. No outro dia ele estava com a carta de demissão na mão. Ele até tentou enganar o seu chefe, foi na emergência de um hospital, alegou que estava com dor de cabeça e gripe para poder pegar o atestado. O chefe dele não quis dar folga, pois em todos os jogos anteriores Renan já havia folgado, porém justo na partida do acesso ele resolveu não liberar o funcionário. Renan foi mesmo assim, conseguiu o atestado. No dia seguinte, ele foi demitido, por que seu chefe sabia que ele estava no jogo. “ Valeu muito a pena”, completou.
Ivana Oliveira, jornalista e professora universitária na UNAMA (Universidade da Amazônia) conta que se tornou torcedora do Paysandu assim que se mudou para Belém. Mas traz o amor pelo futebol como herança paterna. “O Paysandu foi apresentado pelo primeiro namorado aqui. Sempre frequentei estádio, sempre fui aos Re x Pa. Sempre fui fanática pelo futebol e o amor e rivalidade das torcidas só aumentou minha payxão”, declarou a bicolor.
A jornalista alvi-celeste conta que seu ex-marido, sabendo do seu fanatismo, namorou e casou com ela sem dizer que torcia para o time adversário. Ele ia pra Curuzu, comemorava gol bicolor e tudo. Só contou para ela no oitavo mês de gravidez, e foi bem difícil. Por conta disso o seu filho não teve roupa azul de nenhum tom. Ela brinca que o filho nasceu em julho para não correr o risco de ter filho Leão nem no signo.
Ivana diz que por conta do seu amor pelo time é zoada desde o porteiro quando chega no trabalho. Não perdeu jogos nem com barriga de 8 meses (a segunda gravidez) e proibida pela médica (maior loucura que fiz). Ela conta que quando o Paysandu jogava a Libertadores viu quase todos os jogos em Belém e só perdeu o último porque o marido não deixou. Havia risco de a emoção prejudicar o andamento da gravidez, que estava no final, mas não adiantou muito por que segundo ela, foi tanto choro que se emocionou como se estivesse no estádio ou até mais.
Para a bicolor toda essa loucura tem limite, e esse limite da torcida é sempre o da coerência. “Brincar pode, zoar pode, agredir nunca. Respeitar o sorriso do outro. Não brinco com quem não sabe brincar. No meu trabalho já fizeram velório pro meu time e ri muito disso, mesmo braba (risos), mas tem gente que não sabe. Ofende, provoca para brigar e não brincar, aí tô fora”, complementa.
Poderoso Remista e Jorge Luís

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